domingo, 4 de julho de 2010

¿Por que me miras, boludo?

¿Por que me miras, boludo?
Esta seria a resposta básica de uma mulher argentina quando percebe que um homem está olhando para ela. É, aqui é muito estranho, pode dizer. Acho que uma das coisas das quais tenho mais saudade é olhar e ser olhada. Eu olho aqui, óbvio, faço questão, mas é diferente.
Pelas ruas de Buenos Aires, as pessoas caminham olhando para o chão ou para algo que não é você. Olhares não se cruzam. E quando se cruzam, muitas vezes se sentem ofendidos. Pelo menos esta é a impressão que eu tenho.
Bem, eles não entendem quanta poesia existe em olhar. Olhar e ser olhado. Em como, de repente, você pode sentir algo muito bom ao cruzar teu olhar com o de um velhinho e abrir-lhe um sorriso amável. Peraí, sorriso? Sorrisos na rua são proibidos. Eu tenho minhas teorias, acho que é o frio e a falta de sol.
O que seria da bossa nova sem o olhar?
Já dizia Tom Jobim:
"Esse seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar"

Bem, pra quem espera uma postura minha a respeito, conto o que faço. Eu olho, olho mesmo, com aquele olhar examinador que fazemos no Brasil, como quem examina a pessoa da cabeça aos pés. E é muito divertido ver como as pessoas se assustam. As putas e os travestis que trabalham aqui ao lado de casa, sorriem e eu digo como estan hermosas.....

Bem, vou continuar caminhando e olhando. Olhando muito. Não vou perder esse costume tão gostoso da nossa terra.

2 comentários:

  1. Esqueci de dizer, em homenagem a minha amiga Camila Penques.

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  2. Pior que tb é assim aqui na Bolívia. A gente nao pode olhar pra nada nem ninguém que interpretam como q vc ta dando moral... Complicado...

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