quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Novas divagações sobre o amor, no dia que faço 25 anos

Quem amo?
Me faço essa pergunta às vezes e não tenho resposta.
Me lembro das pessoas que achei amar, das pessoas que amo.
No caso dos meus amigos, da minha família, tenho a impressão de que sim, amo os e tenho tanta certeza disso que logo se vão das minhas indagações. As coisas, situações e histórias que amo, também. Viram fumaça.
A preocupação passa a centrar se nos homens que amei.
Faço 25 anos hoje.
Se morresse hoje, poderia dizer que amei três homens. E o pior é que me confundo nos tempos verbais. Não sei se são pretérito perfeito ou imperfeito. Não sei são presente. Gostaria que fossem futuro do presente, nunca futuro do pretério.
Às vezes tenho a impressão de que, na verdade, nunca amei nenhum dos três. Amei, talvez, o fato de amar. E amo as lembranças que tenho de cada um. Das ruas de La Paz, o prédio de Mujeres Creando, dos abraços, do cuidado. Assim como caminhar pela Lapa e por Santiago, escutá-lo tocando. Assim como amo as praças de Buenos Aires. Minha sorte é que não preciso escolher. Apenas viver. Uma vida onde não nos entregamos à simplicidade de viver um amor, sem muitas complicações, não é uma vida. É vegetar. É o amor quem nos tira da condicão de meros mortais. Tudo passa a outro nível de significação, os signos tornam se mais complexos. Essa impressão boba que temos de que vamos amar aquela pessoa a vida inteira. E vamos. Mas vamos amar a outras também. Sempre. Todos os dias. E é sempre assim. Levamos nossa vida tranquilamente, sem grandes sustos, até que um dia um alguém sem muita graça aparente, nos leva a uma existência superior. Nos faz sentir que flutuamos, que somos alguém mais na multidão, nos faz sentir que os minutos não passam e coisas que eu nunca parei pra pensar. Vou pedir ao meu próximo amor pra dar um tempo e pegar meu caderninho de notas. Preciso anotar tudo, talvez assim entenda melhor o amor. Mesmo que eu sempre diga que eu não me preocupo em entendê lo, apenas em viver, em sentir.
Mas meu pensamentos de divagação precisam ir. Tenho um roteiro pra escrever. Um filme para analisar. Já perdi a conta das leituras e das monografias do Mestrado. Morreu Néstor Kirchner, as coisas aqui vão se complicar, acredito. Hoje é dia de Censo. Escuto Cássia Eller. Olho pra tela do computador, pros textos na cama. Só queria um beijo numa praça e uma mão no meu pescoço. Eu deixaria tudo pra ir a Santiago e a Chicago. Pra La Paz não, tenho medo. Sinto que posso flutuar e não sei quem amo mais. Vou voltar pra vida real. Vamos lá, analisar Reconstruction, de Christoffer Boe. Mas o amor, será sempre meu. Minhas lembranças ninguém pode roubar. Só o tempo.