terça-feira, 13 de julho de 2010

Desisti!

Não se assustem, meus amigos.
Eu não desisti de viver em Buenos Aires. Alguém, por acaso, esqueceu que eu sou casca grossa? Claro, por dentro, coração derretido, morrendo de saudade de todos vocês, de compartilhar meus comentários mal educados e picantes, e principalmente, os sonhos.

Eu estou re-vivendo a fase samba, da qual, na verdade, nunca saí. Mas, agora, que estou aqui, ouço e canto de uma forma diferente. Eu lembro das nossas noites sambando, fosse em Condor Iquiña, no Chop 10 ou em qualquer outro lugar onde desse para sambar um pouquinho. “Eu quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita do samba....”. E, eu peço, somente, que Pachamama não permita que eu morra sem voltar pro meu país, sem poder sambar outra vez.

Mas, tô desviando o assunto, só para variar. Que jornalista (será?) mais prolixa....

Do que eu desisti? De viver rodeada por argentinos.
Primeiro, explico. Eu estou aquí desde abril, exatamente 10 de abril. E ainda não consigo entender e aceitar a cultura, o modus vivendi, ou as formas de sociabiliade (eu passei a semana lendo “Cuestiones fundamentales de Sociologia, de Georg Simmel....é hilário, e esse conceito é um dos conceitos trabalhados no livro, mas ele estuda até paquera, achei genial...). No começo, tentei manter-me longe dos brasileiros, queria ter amigos daqui, mas agora vi que meus compatriotas são o melhor povo do mundo. Não posso viver longe deles!

Explicando.....

A maioria das pessoas aqui, como havia comentando num post anterior, não se olha. E isso é chocante para nossa cultura tão zoiádora. Mas bem, além disso, confirmei a maioria dos pré-conceitos que tinha em relação aos hermanos.

E a confirmação veio, não somente do meu poder sociológico de observação participante, mas da boca deles, já que os que se tornaram meus amigos, assumem essas “características”.

E o quais seriam estas características? Eles são muito mal humorados, tenho a impressão de que já amanhecem “cagados” (expressão que usei muito na Bolívia e incorporei ao meu vocabulário, seria a tradução do nosso “enfezado”) e me pergunto porque carajos saem de casa.....ou por que é que nasceram.

Depois, a velha piadinha de “Vá a Buenos Aires e volto rico: compre um argentino pelo que vale e venda-o depois pelo que ele pensa que vale” (ai, isso me faz recordar do Cap. I do Capital: a mercadoria.....que li no mês passado, mas vou me abster de comentar....). Eles realmente se acham. São arrogantes, propotentes e brigões. Tenho impressão, às vezes, que o esporte nacional é brigar porque qualquer coisa. No Guia de ruas de Buenos Aires, eles inventaram: o doce de leite, a caneta, o transporte urbano (!), etc. Mas o mais uff de tudo foi ouvir que os argentinos inventaram a sociologia (durante minha aula de Sociologia da Cultura no Mestrado). E eles se acham os europeus do continente. Afinal, eles tem um cultura rebuscada, vão a museus, cinema, teatro, blábláblá.

Bem, esse é o retrato das pessoas mal humoradas, das quais desisti. Das quais quero manter a distância máxima permitida e manter somente as relações que forem realmente necessárias. Mas, felizmente, aqui é um lugar onde se encontra de tudo e para todos os gostos. Aqui, também, não posso reclamar, já encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram muito. E adorammmmmmmmm o nosso “jeitinho” brasileiro. São muito amáveis e hospitaleiros. E, muitas pessoas que eu definia como “mal humoradas” conseguiram transitar na minha escala de sociabiliade e se transformaram em pessoas queridas para mim. Eles são como nossas castanhas, primeiro precisa quebrar a casca dura e porosa para depois chegar no que é realmente bom. Mas, um dia, quem sabe, poderão aprender com a gente que “reclamar só das rugas” e que sorrir é o melhor tempero para a vida. Por isso, eu sigo, ando pelas ruas sorrindo como boba num frio insuportável e digo “Hola” pra todo mundo que me olha, do mendigo, traveco, ao Doutor.

10 de julio de 2010

2 comentários:

  1. ahahahhaha
    "cultura tão zoiadora". Ana, eu amei esse termo, nunca mais vou esquecê-lo e, como diz vc, vou incorporar ao meu vocabulário! Obrigada por essa! ehehhehe
    Nossa, eu tive uma professora de espanhol argentina-bonaerense e ela também falava do "transporte público (!)". falava que o primeiro metrô do mundo nasceu em Frankfurt e o segundo, onde? Buenos Airessss! ahhahahaha
    E me lembrei de uma vez que eu, Ana Rita e Fagner (um amigo nosso) estávamos perdidos em Santiago del Estero, em 2007, e então um rapaz da cidade veio nos ajudar e dar dicas de como nos encontrar. Aí lá pelas tantas da conversa ele disse que os argentinos de BsAs nem pareciam argentinos de tão metidos que eram. Enfim, releve os bonaerenses e/ou portenhos! Ainda creio que nem todos os argentinos são iguais! Encontramos muita gente boa em Rosário, Santiago del Estero, La Rioja, Catamarca, La Boulaye, Mendoza, enfim... Quer dizer, vc que está vivendo na pele, mas, não desista deles por completo.
    Ah, e vamos aí te visitar em outubro hein? Te mandei um mail, vc viu?
    Beijos! Suerte!

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  2. Oi!!!
    bem, sim, aqui tem buscar os interioranos, que sao uns amores.
    O que todo mundo vem fazer em outubro? Pro Encontro de DH de Madres? Eu vi sim o mail. Chistoso....

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